Cuidar (SE)
por Psicóloga Danielli Silva.
Quando há necessidade de cuidado, é porque existe potencialidade (s) de perigo. E o que fazer para prevenir ou minimizar as possíveis consequências?
Deveríamos ser ensinados desde crianças que a vida é como um voo de avião, e quando houver perigo eminente, a máscara de respiração para sobrevivência primeiramente deve ser colocada em si mesmo, e depois no(s) outro(s).
Citando Boff (1999) aprendemos que: “tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentado.
O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência.”
E aquele perigo eminente que culmina do não cuidado traz consequências ferozes, que independentemente do tempo, caracterizam reflexos do adoecimento. De uma pessoa sobrecarregada, com esgotamento físico e mental, seguidos de estresse e tensão, com sensação de fadiga e cansaço, que em período curto, médio ou a longo prazo acompanham o sentimento de frustração consigo mesmo, que refletem nas relações interpessoais e na forma como se coloca no mundo.
Em qualquer fase da vida seremos cuidados ou cuidaremos de alguém, e ao longo da vida priorizamos o cuidado com o outro e facilmente esquecemos de si mesmos. Porém, cuidar de si para cuidar bem de outro ser humano deveria ser prioridade e questão de saúde pública.
Sempre que falamos de seres humanos devemos fazer um recorte social, de gênero e étnico racial.
É fundamental perceber a subjetividade, levando em consideração a história de vida e contexto atual, pois precisamos ter um olhar individualizado sobre si, e sobre o outro.
Devemos questionar porquê existem mais mulheres nesse papel, estaria relacionado ao machismo estrutural velado pela sociedade? Devemos repensar as consequências disso para os homens, que também são privados da possibilidade de sofrimento, que reforçam a fala de que “homem não chora”, mas homens não adoecem?
Precisamos estar atentos! Pois, independente de gênero, etnia ou classe social é necessária a elaboração das dificuldades. E pessoas no papel de cuidador – profissionalmente ou não- na maioria das vezes possuem alguma morbidade, e o ato de cuidar do outro potencializa os sintomas já existentes.
Baseado nisso temos capacidade de criar estratégias que estão ao nosso alcance, senão nos distanciamos das possibilidades de suporte, nos afastamos da ajuda, e não buscamos compreender nossas particularidades e necessidades, além das questões emocionais que vem à tona nesse processo.
Por isso é importante tratar o cuidado com o cuidador sendo parte do processo de reabilitação psicossocial. Como estratégia de tratamento, trabalhando com uma equipe multiprofissional, evitando ou minimizando as consequências da auto medicalização e individualização do sofrimento por parte dessas pessoas.
Compartilhando nossas experiências, seja em grupos de apoio como o “CUIDAR (SE)”, ou fazendo exercícios e se alimentando regularmente, fazendo psicoterapia ou terapias individuais alternativas. Aumentamos nossas capacidades e resiliência para lidar com o sofrimento desencadeado, potencializando o alívio que sentimos quando pedimos ajuda, e consequentemente quando somos a ajuda.
Mais informações: https://www.facebook.com/psicologadaniellisilva/
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